Silêncio
(Com adaptaçao do poema
"Quisera Eu" de Arnalda Rabelo)
Devaneios
Nutro em meus pensamentos
uma fantasia, um carinho especial.
Um sentir diferente.
O desejo de ter um alguém
de alma bonita, que tenha no olhar
a sensibilidade de um anjo, perfeito.
Com suas belas e grandiosas asas.
Mora longe esse anjo,
e talvez nunca o veja
além dos meus sonhos.
Não é um homem normal
Ele voa e traz consigo estrelas
a tilintar em meus olhos.
Às vezes, sinto-o vindo acalentar
minh'alma entregue
em noites de dissabores.
Sinto seu cheiro,
quando em carinho profundo
toca meus lábios.
Porém ele deixa de ser anjo e torna-se
um homem forte, colocando-me
em seus braços e sacodindo meu coração.
É uma conquista...
Uma viagem emaranhada
num voo alto e mágico.
Ele meio anjo, meio pássaro, meio homem...
Vêm e me enche de felicidade.
Deixa-me sedenta
ao gozo dos deuses.
E molhada pelo sêmem de vida
sinto-me realmente amada.
Acordo!
vejo que foi mais um devaneio.
(Mérci Benício Louro).
É teu corpo o meu percurso,
Todos os recantos de tua pele...
Tens meu desejo largo esboçado em ti.
Teus olhos negros e fundos,
São o esconderijo de meu ser cansado,
O porto noturno e amável que me acolhe
E entre tuas coxas de deusa,
Fenda intumescida a medrar tua volúpia,
Vou me entregar inteiro.
Tua alma encontra a minha.
Sonho.
(Mario Ferrari)
Busca Interior
A cada manhã,
renovo meu ser
Procuro através das minhas mãos descrever
O que meus olhos podem ver.
A cada dia,
renovo meu ter.
A cada sorriso,
renovo meus sonhos e meus delírios,
Até mesmo os que não posso perceber.
A cada tarde,
renovo minha vontade.
Em cada noite,
adormeço com desejos livres,
soltos, límpidos.
Faço dos meus dias, meus momentos.
Onde pouco a pouco...
Estou aprendendo
a renovar minha vida e,
inovar minha alma.
Mérci
SONHOS
Quando nossos sonhos se acabam
Fica um vazio imenso,
Uma vontade de parar
De desistir de tudo.
É um período difícil,
Em que os dias, as horas,
E até os segundos são longos.
Não conseguimos progredir,
Falta vontade
Falta motivação.
Nos fechamos para tudo e para todos
Como se nada importasse,
Nada tivesse algum valor.
Vamos nos destruindo pouco a pouco.
Por que será que muitas coisas em que acreditamos
Chega ao fim?
Acreditamos na felicidade eterna e,
Muitas vezes, ela não passa de um pequeno tempo.
Tempo suficiente para deixar uma saudade infinita.
Até que um dia...
Um novo sonho surge.
Vem chegando de mansinho
Tentando abrir os cadeados do nosso coração.
Estamos trancados, presos em aflições.
Com um enorme medo de sofrer novamente.
Mas, mesmo assim, o novo sonho vem chegando,
Trazendo em sua mala, tudo novo.
E como todo sonho novo,
É regado de novidades que fascinam e,
Mexem com emoções adormecidas,
Trazendo de volta, a emoção de viver,
Amar, recomeçar...
Nesta hora, quando tudo ressurge,
Podemos avaliar melhor a vida.
Temos que transformar cada pequeno instante,
Em grandes momentos.
Eliminar tudo o que nos entristece e
Dar luz somente ao que nos engrandece.
E quando os sonhos estiverem nas nuvens,
Devemos nos sentir seguros.
Porque estarão no lugar certo.
Então...
Será o momento de construir alicerces e subir.
Para simplesmente voltar a ser feliz.
Mérci
Amor e querer...
Sinto no amanhecer, tão fresco sabor
Teus doces lábios carregados de mel
Deslizando toda doçura na minha pele
Penetrando nela o teu ardente calor.
Um contato afetivo é algo fiel
O coração em batidas descompassadas
Numa só alma, mãos enlaçadas
E num só corpo, o amor pele a pele.
Um amor que não esqueço, que teve um começo
Perto de ti calo-me, tudo penso nada falo
Sinto-me como alma vil, apenas estremeço
E nesse teu arrepio, enlouqueço ao desejá-lo
O amor que carregas e por ele tanto padeço
Dando-te vida e alma, por tanto querê-lo!
Mérci
A lua está de corpo inteiro, nua e alta...
Derramada em todas as paragens,
Tinge tudo de prata.
É noite de verão!
Toda a gente e os insetos
Copulam em estranhas revoadas!
Cio quente na amálgama da madrugada,
Entrelaçam-se e entregam-se
Em todo ponto de lume, nas casas e nos guetos,
Nas camas desarrumadas e nos tetos
A perpetuar, nas atiradas gotas de prazer,
A vida por continuar.
Notívago sou nesta cidade,
Miríade de passantes e penares...
Dispersa na diáfana luz sobre as calçadas,
A poesia resiste nua no compasso da lua.
Vivo de ver, a vista desarmada
Na hora morta pelas ermas encruzilhadas.
Mario Ferrari
Procuro um rosto em minhas sombras
E minhas negras asas pairam silentes.
É nada mais que um vulto, devaneio,
Mas teimo em perscrutar em meu planar solitário
Mergulhado no hálito morno dos becos da escuridão,
Daimon soturno e esquecido que não dorme mais.
Em todo meu movimento,
Crua dor padeço em desalento:
O fogo fátuo das paixões caladas,
As bocas entreabertas desejadas
E todos os apelos da alma incansável
Que, na geografia dos quereres,
Entrega-se inconseqüente
Entre a carência e a plenitude.
Mario Ferrari
Encontro-o em rostos e caras furtivas
E, por um momento, em ti quase creio
Doce mistério, oculto que não receio
Quando assim vens e o desejo me avivas!
Quero muito, e respeito seu estalar de dedos,
Desvelo, incinero e encontro a mim mesma.
E nesse encontro me perco e tal lesma,
Lentamente desvendo os teus segredos
Segredos, num silêncio que sugere sem dizer
Um olhar, um semblante, mágica qualquer
Um sonho transformado em meu perecer...
O sonho perece, mas meu desejo te quer
Num querer imenso, mais que bem querer
Quando destapo teus segredos de mulher!
Soneto em dueto
Mérci e Loucopoeta
©direitos reservados
Estou tentando em vão te vislumbrar
Nas linhas escuras de uma fotografia
Tentando ver em ti o que mais havia
Além do que a máquina pôde captar...
Quem sabe quantos sonhos irias sonhar?
Daqueles que se sonham à luz do dia
Daqueles que colocam o mundo em harmonia
Apenas, tão somente, pra nos encantar?
Aqueles sonhos que te serão a imagem
Das coisas que deseja o teu entendimento
E quem sabe em algum louco pensamento
Tu me vejas refletida na rápida paisagem
E voltes o filme que retrata o sentimento
E me tornes teu amor... Por um momento...
Ana Barreto
Nua e desarmada,
Entregue, a sonhar
Fico a acreditar teimosa,
Num caminhar para além do horizonte
E nada acontece.
A crer no sorriso,
Indagando a própria sorte,
Sou prisioneira de mim.
Vivo feito sombra a gritar por socorro.
Procuro conhecer-me, querer-me
Devorar-me toda.
Resisto!
Vejo-me como uma mulher insana
Tremendo diante da vida
Respirando e transpirando desejos
Sem ao menos saber quais são.
Escondo um ser cansado,
Por de trás das longas
E pesadas asas, querendo voar.
Quando você vêm
Feito menino travesso
Bagunça tudo, vira-me do avesso
Leva embora minha tristeza,
Envolve-se em meus mistérios.
Injeta em minhas veias,
Todo o seu saber
Sua energia
Seu querer
E faz-me acreditar que não estou morta.
Mérci
Desejo apenas isto, - é algo urgente -,
ter Você como alguém muito importante
para criar um mundo mais decente
de uma decência sábia e elegante
Se Você se tornar mais consciente
da sua força e talento, isto garante
a participação eficiente
para levar meu sonho, - bom -, avante
Se cada qual cuidar de si, garanto
que este mundo, - tão louco e tão sofrido -,
há de gozar mais paz e ter sentido
que enquanto brote o riso, cesse o pranto
a partir do lugar de mais valor
a partir de seu mundo interior.
Diógenes Pereira de Araújo
Saudade é solidão acompanhada,
é quando o amor ainda não foi embora,
mas o amado já ...
Saudade é amar um passado
que ainda não passou,
é recusar um presente que nos machuca,
é não ver o futuro que nos convida ...
Saudade é sentir que existe
o que não existe mais ...
Saudade é o inferno dos que perderam,
é a dor dos que ficaram para trás,
é o gosto de morte na boca dos que continuam ...
Só uma pessoa no mundo deseja sentir saudade:
aquela que nunca amou.
E esse é o maior dos sofrimentos:
não ter por quem sentir saudades,
passar pela vida e não viver.
O maior dos sofrimentos
é nunca ter sofrido ...
Pablo Neruda
Não gosto de
Meias palavras!
Por isso
Ande, venha
Devore-me inteira
E nem se dê ao trabalho
De enigmas decifrar.
E deixe que eu simplesmente
Te coma!
Mérci
Às vezes olho para trás,
E o que vejo em cada momento,
São pedacinhos...
Estradas interrompidas.
Busco sentidos,
Nascer e crescer,
Ser mais que fragmentos.
Amo! sem saber o que amo.
Sou fera inocente
Brigando com meus sentimentos.
Um querer tão certo como o calor do fogo.
Não sei saber se é real, vital.
Nem mesmo,
O nome da minha alma.
Não sei onde começo,
Ou onde irei parar.
Apenas...
Que costumo voar.
Mérci
Aqui, um presente do poeta
Jenário de fátima.Foi um grande estímulo para eu ter coragem de escrever alguns
versos...
Obrigada Jenário...adorado amigo....Mérci...andando junto
ás estrelas...
Conta uma lenda que quando Pequena
Merci olhava sempre
pras Estrelas
E todos riam se olhavam a cena
Vendo-a correndo tentando
prende-las.
O tempo passou e ela hoje ainda.
Fita a noite e no céu
faiscante
Alguma estrela de luz fulgurante
Da imensidão do universo
vinda.
E este mesmo, mesmo céu que a cobre
E que aquece o vão de nossos
ninhos
E que nos mostra o seu sorriso nobre
O que nos mostra os passos
trilham
Os trilhos que são base do caminhos
Seus olhos estrelas que
brilham... brilham.Jenário de Fátima