MEUS VÔOS

quinta-feira, 18 de novembro de 2010


Filha do Vento

Sou levada pela tempestade
E como filha do vento
Deixo exalar desejos e sonhos
Tão sólidos e tão loucos.
Rasgo a pele desse corpo,
Bebo a saliva que forma na boca
Sangro e dilacero, vivo essa dor
Sinto o cheiro do suor que ficou.
Pudera viver nas nuvens
Feito pássaros no horizonte
A espreitar o dia e a noite
Encontrar a essência desse amor.


Mas vem a escuridão do meu mundo
Impede que eu libere meus anseios
Que eu grite minhas dores pelos ventos
E solte as amarras do tempo.
Chegam velozes e ferozes
Vozes que ficarão na minh'alma
Ainda errante e solitária
Com as dores, sonhos, e meus quereres
Agora tão distantes, tão efêmeros.
(Mérci Benício)




Nas Asas da Águia

Sou aquela que sobrevoa alpes,
Uma águia que sente a liberdade,
busca, luta por ela 
e lá do alto espreita, aquieta a alma e observa os corações.
Mas às vezes torno-me uma fênix.
Pássaro forte, sagaz.
Quando penso que me derrotaram, 
ressurjo das cinzas cada vez mais forte.
Quando sabemos o que somos e quem somos,
fica mais fácil procurar por forças.
Não preciso demonstrar o que sou o tempo todo,
nem mesmo demonstrar a força que tenho 
a todo instante.
Apenas quando se torna necessário.
Às vezes olho prá trás e o que vejo
a cada momento,
são pedaços de mim.
Estradas interrompidas.
Busco sentidos,
nascer e crescer.
Ser mais que fragmentos.
Amo sem saber o que amo.
Sou fera inocente
brigando com meus sentimentos.
Um querer tão certo como o calor do fogo.
Não sei dizer se é real, nem o quanto é vital.
Nem mesmo o nome da minha alma eu sei.
Onde começo ou onde irei parar.
Como advinhar meus passos?
Apenas sei que costumo voar.

(Mérci Benício)