MEUS VÔOS

terça-feira, 21 de dezembro de 2010





Contra a Maré

Sou um estranho amor
Mais que ilusão
Menos que paixão
Sou contrária a tudo o que é normal.
Quando devo esconder, exponho-me
Quando querem que eu me vista, me desnudo.
Quando querem que eu grite, me calo.
Invento-me, inverto-me
E vivo às avessas.
Procuro sorrisos
E às vezes
Olhares que domam meus afetos.


Na solidão dos meus passos,
Sinto um louco querer
Um deleite.
Sorvo-me por inteira
Faço planos
Giro em volta da vida
E até rio disso.
Mas no fundo me encontro...
A abandonar o que esperava
Pará buscar o que não veio.
(Mérci Benício )





 A TODA HORA

quem disse que 
arrasto um bonde por ti?

não é verdade...

por ti eu arrasto
o meu sobressalto
o ato,
a saliva,
a língua,
essa louca, 
de fora,
que serpenteia,

a toda hora... a toda hora...
em que tu me tomas
por tua.


Nina Araújo

quinta-feira, 18 de novembro de 2010


Filha do Vento

Sou levada pela tempestade
E como filha do vento
Deixo exalar desejos e sonhos
Tão sólidos e tão loucos.
Rasgo a pele desse corpo,
Bebo a saliva que forma na boca
Sangro e dilacero, vivo essa dor
Sinto o cheiro do suor que ficou.
Pudera viver nas nuvens
Feito pássaros no horizonte
A espreitar o dia e a noite
Encontrar a essência desse amor.


Mas vem a escuridão do meu mundo
Impede que eu libere meus anseios
Que eu grite minhas dores pelos ventos
E solte as amarras do tempo.
Chegam velozes e ferozes
Vozes que ficarão na minh'alma
Ainda errante e solitária
Com as dores, sonhos, e meus quereres
Agora tão distantes, tão efêmeros.
(Mérci Benício)




Nas Asas da Águia

Sou aquela que sobrevoa alpes,
Uma águia que sente a liberdade,
busca, luta por ela 
e lá do alto espreita, aquieta a alma e observa os corações.
Mas às vezes torno-me uma fênix.
Pássaro forte, sagaz.
Quando penso que me derrotaram, 
ressurjo das cinzas cada vez mais forte.
Quando sabemos o que somos e quem somos,
fica mais fácil procurar por forças.
Não preciso demonstrar o que sou o tempo todo,
nem mesmo demonstrar a força que tenho 
a todo instante.
Apenas quando se torna necessário.
Às vezes olho prá trás e o que vejo
a cada momento,
são pedaços de mim.
Estradas interrompidas.
Busco sentidos,
nascer e crescer.
Ser mais que fragmentos.
Amo sem saber o que amo.
Sou fera inocente
brigando com meus sentimentos.
Um querer tão certo como o calor do fogo.
Não sei dizer se é real, nem o quanto é vital.
Nem mesmo o nome da minha alma eu sei.
Onde começo ou onde irei parar.
Como advinhar meus passos?
Apenas sei que costumo voar.

(Mérci Benício)

terça-feira, 26 de outubro de 2010


GITANO

Não anelo mais teu perfume
Pois até já vendi nosso canto
Mas dou meu françês barato
Por mil recordações de ti...

Tu és um Louvre com Goya
Meu amanhecer sem cortina
Um plano perfeito de Tróia
O meu rubor cor de China

Vejo o teu amargor chicória
Combinar na minha rima
Em quintessência de Gaya
Em Bolshois de bailarina

Amo o teu vigor praiano
Velejando sóis de espaço
Num paso-doble cigano
Batendo sombra e regaço

Amo teu andar bolero
O teu beijo tão arisco
Dentro dele ainda espero
Singrar novos mares de risco.


 (Nina Araújo)



quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Dança da Alma

Inesperada dança viva de entregas
Ainda que pareça simples e singela
Estou entre limites que rasgam o coração.
Acompanhada do deserto de emoções
Pássaros em vôos solenes
Acompanham meu mundo de ilusão.
Ergo os braços e danço
A vida é feita de luz.
E nas areias, me envolvo
No ar, respiro;
Sinto o cheiro, vivo!
E no sol apareço.
Sou aquela que busca,
Cabeça que procura o vazio,
Braços que contam histórias,
Ventre que desafia os homens,
Pernas que buscam o saber
Brilho que encanta,
Corpo que dança,
Alma que canta.
Avanço com todo espírito que me preenche
Dispo-me do que não cabe mais aqui dentro.
Cresço ao me doar,
Para o meu fugaz acolhimento.
(Mérci Benício Louro)

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

SOU MAIS SOL DO QUE PAREÇO...

Com a lua nos sapatos
Sigo a sina
Me embaraço
Choro, chovo
Me desfaço
Sou de sal, saliva
E cansaço (não sou de aço)
Trago o coração ilhado, mal iluminado
Mil milhas à sombra de mim mesmo
Singro outros mares
Sangro n´outros poros
Sempre recomeço de onde esqueço
Me torno eu mesmo
Com meus erros e acertos
Quando anoiteço
Sou mais sol do que pareço...

(Gustavo Adonias)

*poesia registrada na Biblioteca Nacional*

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Confidências
 
Encontro-o em rostos e caras furtivas
E, por um momento, em ti quase creio (Mérci)
Doce mistério, oculto que não receio
Quando assim vens, o desejo me avivas! (Loucopoeta)

Quero muito, e respeito seu estalar de dedos,
Desvelo, incinero e encontro a mim mesma (Mérci)
E nesse encontro me perco, e tal lesma
Lentamente desvendo os teus segredos (Loucopoeta)

Segredos, num silêncio que sugere sem dizer
Um olhar, um semblante, mágica qualquer
Um sonho transformado em meu perecer... (Mérci)

O sonho perece, mas meu desejo te quer
Num querer imenso, mais que bem querer
Quando destapo teus segredos de mulher! (Loucopoeta)

Mérci & Loucopoeta

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

A outra Fotografia

Estendo as mãos, mas não a toco.
Pairo sobre seu corpo que desnudei na fotografia,
Aconchego desvairados sonhos enquanto você nem me sabe.

 O homem que desvenda seu corpo...
O beijo ardente que você quer,
O amante que agarra suas ancas
Prestes a invadi-la de prazer!


 Serei eu real por acaso
Ou apenas encantamento?
Você está nua enfim... Ou será pura imaginação?
Um dia quem sabe acontecerá assim o meu sonho de fotografia!
(Mario Ferrari)

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Devaneio...

Nutro em meus pensamentos
uma fantasia, um carinho especial.
Um sentir diferente, o desejo no olhar
a sensibilidade de um anjo, perfeito.
Vejo-o com suas grandiosas asas.
Mora longe esse anjo,
e talvez nunca o veja
além dos meus sonhos.
Não é um homem normal
Ele voa e traz consigo estrelas
a tilintar em meus olhos.
Às vezes, sinto-o  vindo acalentar
minh'alma entregue
em noites de dissabores.
Sinto seu cheiro,
quando em carinho profundo
toca meus lábios.
Porém ele deixa de ser anjo e torna-se
um homem forte, colocando-me
em seus braços e sacodindo meu coração.
É uma conquista...
Uma viagem emaranhada
num voo alto e mágico.
Ele meio anjo, meio pássaro, meio homem...
Vêm e me enche de felicidade.
Deixa-me sedenta
ao gozo dos deuses.
E molhada pelo sêmem de vida
sinto-me realmente amada.
Acordo!
vejo que foi mais um devaneio.
(Mérci Benício Louro).

quarta-feira, 30 de junho de 2010

"O amor tem seu prazo,


Tem espaço e tempo de trocas


E esse tempo sempre chega...


Mesmo que não existam trocas a serem feitas,


Mas apenas, e tão somente,


Para preencher, no tempo exato,


O que do novo começo,


O amor precisa... "

terça-feira, 29 de junho de 2010

   






"Creio no sol mesmo que ele não brilhe.
    Creio em Deus mesmo que ele esteja em silêncio.
    Creio no amor mesmo que ele esteja oculto."

sexta-feira, 14 de maio de 2010




Uma águia pousou


Em teu colo macio

E acariciou teu corpo, 


enquanto

dormias. 


Sentiste o calor que dela

emanava...

Com um leve sorriso,

ela tocou teus lábios

e sem saber

tua alma,

já era dela.

(Mérci Benicio Louro).


                                                              

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Dentro de Mim...

Dentro de mim existe fantasia
Sou duas partes em uma só...
Uma fala, de sentimentos brandos
Ternura, amor, calor
Alguns fragmentos
Delírios de momentos
Felicidade, dor,
Calmaria.
A outra fala,
Atiça meus desejos
Atormenta
Embriaga, seduz...
Toma conta do meu corpo
É lúdica
Lasciva
Mergulha em desejos
Ás vezes obscenos
Tira o meu sossego e perco a razão.
Ambas me completam.
Traduzem um equilíbrio
Emoção e razão,
Caminhando lado a lado
Iluminando meus dias.
(Mérci Benício Louro)

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

POTRANCA

Essa mulher,
me enlouquece,
me deixa tesado
e ao mesmo tempo,
ela me enternece
e me faz enamorado.

Que fêmea monumental,
rosto lindo, corpo escultural,
jeitinho maroto e sensual.
Sinto que ela sabe que bagunça
com as minhas fantasias...
Com o meu emocional.

Quando ela passa
insinuante, provocante,
repleta de doce graça,
simulando não me ver,
me enfeitiça ainda mais,
me inebriando de prazer.

Ela não anda,
ela passeia, baila,
parece até volitar.
Ela caminhando
é a coisa mais linda,
que o olhar pode avistar.

Ao lhe espreitar,
não há um só homem
que se aquiete,
que não se agite e excite.
Nem uma só mulher,
que não a inveje e a imite.

Um dia, vou ter essa moça
para mim, vou endeusá-la,
em um altar colocá-la,
transbordá-la de emoção,
transformá-la no meu amor
e no meu parquinho de diversão.

Antônio Poeta

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010


poema de Mario Ferrari

A Praia

Navego no tempo qual ser estranho,
Homem faminto de quereres...
A água à toa da vida no olhar perdido
Ainda atiça meus desejos,
Ainda sustem minha nau de tantos não-rumos.
Da hora em que vim, ignaro de dores e cansaços à essa luz,
E tomei para mim o leme inútil de meu barco,
Entendi apenas que não importam os portos
Mas sim o oceano-tempo por onde vou inteiro,
A viver sem remorsos cada gota das águas que me cabem.
Navega, corpo meu cansado,
Singra as ondas que o deus do nevoeiro
Pôs à tua volta nesse mar de distâncias.
Haverá um porto no fim da jornada
Para a alma teimosa que carregas:
Uma ilha nua na pele de uma indizível mulher
Onde hei de me desfazer de quem sou
Do que fui, do que vi, do que fiz
E mesmo em meio ao medo e ao espanto,
Consentir e esquecer.










Contra a Maré


Sou um estranho amor
Mais que ilusão
Menos que paixão
Sou contrária a tudo o que é normal.
Quando devo esconder, exponho-me
Quando querem que eu me vista, me desnudo.
Quando querem que eu grite, me calo.
Invento-me, inverto-me
E vivo às avessas.
Procuro sorrisos
E às vezes
Olhares que domam meus afetos.
Na solidão dos meus passos,
Sinto um louco querer
Um deleite.
Sorvo-me por inteira
Faço planos
Giro em volta da vida
E até rio disso.
Mas no fundo me encontro...
A abandonar o que esperava
Para buscar o que não veio.


(Mérci Benício Louro).

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010


Espera

Como um poema divino
Entrego-me
Na busca do fogo que traz vida.
Deito-me, e fico a contemplar
O silêncio das estrelas.
E nessa porta infinita
Tenho o sonho em minhas mãos.
Absorta, com tamanha beleza
Perco-me nesse longínquo universo.
A lua migra entre os fios do meu cabelo...
A solidão mostra que a procura nao tem fim.
Minha obsessão,
Meus desejos tao infindos e vorazes
Deixam-me a flor da pele.
A noite adentra,
Rasgo-me em meus quereres
Tao fugazes!
Entao,
Engulo-me,
E espero o novo amanhecer.


(Mérci Benício Louro).


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