Quando senti seu corpo
Chegando manso, leve
O desejo tocou-me inteira,
Fremi de ternura e paixão.
O fogo ardeu em meu peito
Cerraram-se-me as pálpebras,
Meus lábios ficaram quentes e molhados,
Corpo trêmulo...
O céu uniu-se com a terra e o ar tornou-se leve
Meu suor escorreu molhando seu corpo,
Lambi suavemente gota a gota
Do sal de sua pele
Loucura, prazer.
Nossos corpos uniram-se num âmago profundo.
Gemidos, sussurros ofegantes,
Vibrei nos seus braços,
Senti seu cheiro,
Entreguei-me ao prazer daquele momento.
E num delírio só nosso,
Você fez de mim gozo e paixão!
Com todo o seu amor,
Delicadamente você tocou minha boca sedenta
E olhos no olhos,
Tudo virou silêncio...
Mérci
segunda-feira, 21 de julho de 2008
Volúpia
prece à deusa
Mãe zelosa e eterna amante,
Shakti, a melhor face de Deus,
O poder universal de gerar,
A manifestação total do amor,
Deusa da criação,
A ti ofereço minha prece.
A revelação está
Em cada mulher.
quinta-feira, 17 de julho de 2008
Top Secret
O Palco do Poeta
Todo poeta é um delinqüente ator
Que leva ao palco-vida a ironia
Se um dia vê tristeza na alegria
No outro gargalhadas, vê na dor.
Sou um poeta-ator e me apresento
Contracenando com a felicidade
Não mais escrevo versos à saudade
Somente ao riso e ao contentamento.
Quero no palco representar a luz
Cansei de carregar a pesada cruz
Do desamor e da desesperança.
Cansei de escrever versos errantes
Por isso aos atores coadjuvantes
Eu deixo a velha dor como herança.
Carambola, 15 de setembro de 2007.
Por: Amaro Vaz
SONHO E AMOR
Sonho, a gente só se dá conta dele depois que acorda,
depois que ele acabou...
E fica aquela vontade na gente
de sonhar mais um pouquinho.
Existem pessoas que são um sonho.
Um sonho pelo qual a gente dormiria a vida inteira
Mas o destino vem e nos acorda violentamente.
E nos leva aquele sonho tão bom...
Existem pessoas que são estrelas.
Doces luzes que enfeitam e
iluminam as noites escuras de nossas vidas.
Mas vem o amanhecer e nos rouba
com toda a sua claridade
aquela estrela tão linda.
Existem pessoas que são flores.
Belezas discretas que alegram o nosso caminho,
Mas, com o tempo, as flores murcham
e nos enchem de saudade, de sua cor e de seu perfume.
Existem finalmente, as pessoasque são simplesmente amor.
Um amor doce como o mel de uma flor
que desabrochou numa estrela
e que veio até nós num lindo sonho!
E ainda bem que são assim,
porque flores, estrelas ou sonhos,
mais cedo ou mais tarde, terminam
mas o amor,
o amor não termina nunca...
Mérci
quarta-feira, 16 de julho de 2008
Quietude
Entrar nos teus sonhos, despertar-te do sono
Povoar teus dias, e de mansinho,
Deixar que a luz entre ao alvorecer.
Ficar quieta, deixar esta luz passar por dentro de mim.
Correr no teu peito como dócil potro,
Deixar que tu sejas riacho,
A sede do meu corpo.
E assim, teu corpo sobre o meu se estende
Derramando sombra sobre o chão em brasa.
A água em minha boca, veio para matar a sede que o tempo deixou.
Rendida e absorta, no tempo perdida eu quero ficar
Olhares
Olhares que são grãos de areia
No infinito da procura.
Mar de buscas nestes prantos.
Acalantos para o sonhar
Que no horizonte perdem-se entre encantos
Sem ter cura.
E para nos encontrar do outro lado
Do que imaginamos que vemos neste vai e vem,
Olhamos desesperançados do outro lado da rua
Como o prisioneiro que transcende
A liberdade que não tem.
Mérci
terça-feira, 15 de julho de 2008
À deriva de Mim
Hoje procuro ser feliz...
Na caminhada, muito sofri,
Amei, desesperei, chorei, quis,
Fiz do muito o nada, corri.
Corri de mim, do fracasso...
Covardia ao encarar a vida,
Saudade do caminhar em falso
Cair e levantar de cabeça erguida.
Não sei quem sou, o que quero.
Assim feneço aos poucos
Sem rumo, sem prumo, espero
Tentando esquecer os defeitos.
Sem defesas vejo-me a falhar,
No peito, somente a desilusão.
Tenho medo de naufragar
Vivendo a minha confusão.
Fica em mim, hoje o tempo dói.
O que sonhei um dia ser, arrancaram.
Minhas sobras, o vento vem e destrói,
Devastada, por tudo o que tiraram...
Escolhas feitas por não ter jeito,
Amores sufocados na saudade...
Paixões que singram o peito,
À deriva, sem nada que agrade.
Que fiz de mim? Onde me perdi?
O tempo dirá no momento oportuno...
No trilhar, na tristeza, decidi
Olhar apenas para o futuro.
Mérci
Encanto
Encante-me com seus olhos,
Olhe-me profundamente,
Mas só por um segundo,
Depois desvie o seu olhar,
Como se o meu olhar,
Não tivesse conseguido encantá-lo....
E então, volte a me fitar,
Tão profundamente,
Que eu fique perdida
Sem saber o que falar...
Encante-me na calada da madrugada,
Na luz do sol ou embaixo da chuva.
Encante-me sem dizer nada,
Ou até dizendo tudo,
Sorrindo ou chorando,
Triste ou alegre ...
Mas me encante de verdade,
Com vontade.
Que depois,
Eu confessarei que me apaixonei...
Mérci
quinta-feira, 10 de julho de 2008
Vigília
Há dias em que a alvorada demora a chegar.
O tempo parece estagnar e a vida adormece em sono profundo.
A inquietude bate às portas de minha alma.
É um sutil toque: mistura de saudade e incerteza.
Chega sufocando...
Farfalha as secas folhas de sentimentos esquecidos. Rega o espírito com pequenas gotas,
Lágrimas teimosas que rolam sem o menor pudor.
Sou suspiros e devaneios.
Candeeiro que apaga lentamente.
Busco despejar essa dor. Ilusão, não quero recordar.
Cansada, enfim, a deixo ficar até o amanhecer.
Que parta com a aurora devolvendo-me a paz
Soltando as algemas da tristeza,
Libertando o meu coração!
Mérci
segunda-feira, 7 de julho de 2008
Meu Querer
Morta, adormecida, durante anos.
Os desejos foram meu sonhar,
O tempo, austero em meus planos,
Vida que saiu do pensamento a migrar...
Desenhei seu rosto em minha poesia,
Num faz de conta, banhei meu prazer
Desmontei o sol, a alma vazia
Quando vi, você já era meu querer.
Na amplidão do meu deserto sem fim,
Encontrei o oásis, a tristeza foi banida
O coração a perscrutar meus segredos
Serei aquela estrela brilhante
Em sua janela, a clarear seus sonhos.
Depois farei rastro, e partirei distante.
Mérci