MEUS VÔOS

quarta-feira, 11 de março de 2009

Noturno (parte um)

A lua está de corpo inteiro, nua e alta...
Derramada em todas as paragens,
Tinge tudo de prata.
É noite de verão!
Toda a gente e os insetos
Copulam em estranhas revoadas!
Cio quente na amálgama da madrugada,
Entrelaçam-se e entregam-se
Em todo ponto de lume, nas casas e nos guetos,
Nas camas desarrumadas e nos tetos
A perpetuar, nas atiradas gotas de prazer,
A vida por continuar.
Notívago sou nesta cidade,
Miríade de passantes e penares...
Dispersa na diáfana luz sobre as calçadas,
A poesia resiste nua no compasso da lua.
Vivo de ver, a vista desarmada
Na hora morta pelas ermas encruzilhadas.


Mario Ferrari

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