Filha do Vento
Sou levada pela tempestade
E como filha do vento
Deixo exalar desejos e sonhos
Tão sólidos e tão loucos.
Rasgo a pele desse corpo,
Bebo a saliva que forma na boca
Sangro e dilacero, vivo essa dor
Sinto o cheiro do suor que ficou.
Pudera viver nas nuvens
Feito pássaros no horizonte
A espreitar o dia e a noite
Encontrar a essência desse amor.
Mas vem a escuridão do meu mundo
Impede que eu libere meus anseios
Que eu grite minhas dores pelos ventos
E solte as amarras do tempo.
Chegam velozes e ferozes
Vozes que ficarão na minh'alma
Ainda errante e solitária
Com as dores, sonhos, e meus quereres
Agora tão distantes, tão efêmeros.
(Mérci Benício)